quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um Tributo à velha Ombaka e à nova Benguela

Por: Rei Mandongue I

Benguela – Falo da província de Benguela, que nas vésperas dos seus 393 anos de existência, a assinalarem-se a 17 de Maio, ganhou um estádio moderno com capacidade de 35 mil espectadores que acolheu, entre outras selecções, o campeão africano (Egipto) na primeira fase da 27ª edição da Taça de África das Nações Orange Angola2010.

A província de Benguela ocupa uma área de 39 mil e 827 quilómetros quadrados e situa-se no litoral centro de Angola, limitando a Norte com a província do Kwanza Sul, a Leste com a do Huambo, a Sudeste com a da Huíla, a Sudoeste com a do Namibe e a Oeste com o Oceano Atlântico.

A província, cuja população está estimada em um milhão, 928 mil e 140 habitantes, na sua maioria da etnia Ovimbumdo e Nganguela, 46 porcento dos quais com menos de 15 anos, divide-se em 9 municípios: Baía Farta, Balombo, Benguela (sede), Bocoio, Caimbambo, Chongoroi, Cubal, Ganda e Lobito.

O território da província representa uma complexa combinação de planaltos escalonados, cortada por vales e rios e é drenada por alguns cursos de água que confinam nas bacias hidrográficas do Balombo, Cubal da Hanha, Catumbela, Cavaco e Coporolo, que definem vales agrícolas importantes da faixa litoral da província (Canjala, Hanha, Cavaco, Catumbela e Dombe Grande).

Os rios Balombo, Catumbela, Coporolo e Cavaco, são os principais da província, onde a língua nacional falada é o Umbundo. As terras que hoje formam esta parcela acabaram por despertar a atenção de Manuel Cerveira Pereira, governador-geral de Angola, entre 1603 e 1607, que nelas se estabeleceu em 17 de Maio de 1617, depois de ancorar a sua nau na baía de Santo António.

Desafiando uma vegetação densa e pântanos insulares, 130 homens europeus e nativos deram o tiro de história da cidade de “São Filipe de Benguela”, localizada na costa de África a oeste e ao fundo de uma espaçosa baía, sob o paralelo 12º 34' 17" hemisfério austral e o meridiano 13º 22' 33" leste de Greenwich.

Com a construção do Caminho-de-ferro de Benguela, no início do século XX, a cidade tornou-se no grande motor da região centro e sul de Angola. Ao longo da linha foram surgindo cidades como a Ganda, o Cubal, e Silva Porto (actual Kuito), o que deu a Benguela o título de “Cidade Mãe de Cidades”.

Por esta altura ocorreu também o “boom” do Lobito, onde se construiu um dos mais importantes portos do sul de África com águas profundas, transformando-o num grande eixo de desenvolvimento da província e do país.

O Clima na província é tropical árido, influenciado pela Corrente Fria de Benguela. A temperatura máxima é de 35, 0º, a média de 24, 2º e a mínima de 10, 4º. A humidade relativa média fixa-se nos 79 porcento e a precipitação média anual nos 268 milímetros.

A província de Benguela apresenta um grande potencial agrícola devido à estrutura dos seus solos e as condições hidrográficas do seu território. Cerca de um milhão de hectares são terras favoráveis ao desenvolvimento da actividade agrícola predominada pela banana, milho, sorgo, batata rena, batata-doce, sisal, algodão, café, palmar, trigo, abacaxi, feijão, mandioca, hortícolas, citrinos, manga, tabaco e cana-de-açúcar.

A província de Benguela está vinculada ao Sistema Político Nacional. A articulação governamental é estabelecida entre o Governo Central e o Provincial, através do Ministério da Administração do Território, do Secretariado do Conselho de Ministros e dos diversos Ministérios Sectoriais.

A produção divide-se em culturas frutícolas (abacate, abacaxi, banana, citrinos, goiaba, mamão, manga e maracujá), culturas hortícolas (cebola, tomate, etc), cultura de tubérculos (batata doce, batata rena, etc), cultura de oleaginosas (algodão, amendoim, girassol), cultura de leguminosas (diversas espécies de feijão, soja), cultura cerealíferas (milho, sorgo, trigo), cultura de café arábica e cultura da cana-de-açúcar.

No sector pecuário, Benguela dispõe de um forte potencial para a criação de gado bovino, suíno, caprino e avícola, ocupando o quarto lugar a nível nacional em termos de produção pecuária. A apicultura na província é uma actividade tradicionalmente forte nos municípios do Balombo e da Ganda.

Benguela é o segundo maior produtor de pescado no país. O sector das pescas tanto industrial quanto artesanal assume uma importância no contexto socioeconómico da província.

O município da Baía Farta é o principal centro piscatório da região, onde se aglomera a maioria das unidades industriais de pesca, seguindo o do Lobito e o de Benguela. Abundam nos mares desta zona espécies como o cachucho, garoupa, corvina, carapau, sardinha e cavala.

O segundo maior parque industrial de Angola está instalado na província de Benguela. Com a recuperação das vias rodoviárias entre Benguela e os restantes centros urbanos do país aliada à nova dinâmica do Porto do Lobito e a reabilitação dos Caminhos-de-ferro de Benguela, a província reassume o seu posicionamento estratégico enquanto importante centro económico do país e da região sul de África.

Das 52 empresas e unidades de produção industrial principais da província concentrados sobretudo nos municípios de Benguela e do Lobito, a maior parte opera no ramo alimentar. Entre estas destaca-se a Soba-Sociedade de Bebidas de Angola, onde se produz, entre outros produtos, a cerveja Cuca.

O sector de indústria alimentar produz, além de bebidas alcoólicas (vinho, whisky, dri gin e licores), confeitaria, farinha de milho, refrigerantes, pão, bolacha, água, mineral, água tónica, sumos, soda e ginger ale.

A província de Benguela é conhecida, essencialmente, pelos belos areais, águas límpidas e pequenas baías recortadas ao longo dos seus 200 quilómetros de costa. Praias como a da Baía Azul, Santo António, Caotinha, Morena, Kuito, Equimina e Restinga do Lobito engalanam o roteiro turístico da localidade.

O sector hoteleiro é composto por 10 hotéis, 32 pensões e 19 hospedarias. Já a rede de restauração é formada por 975 restaurantes e similares.

A diversão nocturna passa também pelas 4 discotecas e boites e pelos 7 centros recreativos e dancing aí existentes. Sete agências de viagens e oito rent-a-car completam a oferta de serviços relacionados com o sector do turismo.
O ensino médio contempla a formação nos institutos, educação, saúde, mecânica e electricidade.

Para além do ensino estatal, também o sector privado está fortemente enraizado na província.

O ramo superior público está representado pela Universidade Rei Katyavala Buila, com os cursos de Pedagogia, História, Psicologia, Geografia, Matemática, Linguística Francesa e Inglesa, Economia e Gestão, Direito, Engenharia, Informática e Educação Especial.
Existem no total 13 unidades hospitalares públicas, com capacidade máxima de 1782 camas.

São elas: Hospital Provincial de Benguela, oito hospitais municipais e quatro comunais. Para além destas estruturas, há ainda 22 centros de saúde públicos nos municípios de Benguela, do Lobito e da Baía Farta. As cinco farmácias públicas da província agrupam-se nas cidades de Benguela e do Lobito.

Benguela é reconhecidamente terra de artistas. Entre os “filhos da terra” que se evidenciaram no domínio das artes contam-se a poetisa Alda Lara, o escritor Artur Pestana “Pepetela”, o “Tio” Raul David, os músicos da nova geração, Matias Damásio, Helvio, Mabela, o grupo de dança Bismas das Acácias.

A Província é rica em monumentos históricos, de entre os quais podemos citar a Igreja da Nossa Senhora do Pópulo, a igreja da Catedral, a Igreja da Nossa Senhora da Graça, o Largo da Peça, a Rua 11, do poeta e escritor Alves de Almeida Santos, o museu de arqueologia, que no passado havia sido a Companhia do Cabo Submarino, instalado durante a Conferência de Berlim para fornecimento de informações, entre outras.

A grande realização na província nos últimos anos em termos de infra-estruturas desportivas foi a construção do pavilhão multiusos “Acácias Rubras”, com capacidade de 2100 lugares. Acolheu a primeira fase do Afrobasket2007. E em Janeiro de 2008 o recinto esteve novamente ao rubro no Campeonato Africano das Nações em Andebol seniores masculinos e femininos.

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